Há um lugar onde não quereria estar neste momento. Não, não
é no Afeganistão e também não é no próximo concerto do Justin Bieber. Pior e
mil vezes mais tenebroso será estar na pele de Paulo Portas. Porquê tanta
aversão a partilhar o presente do nosso (ainda) ministro dos Negócios
Estrangeiros?
Bem, simplesmente porque, e sendo eu uma pessoa que preza
bastante o seu descanso nocturno, nem quero imaginar as noites perdidas de
Portas a procurar uma saída para a embrulhada em que se meteu. O líder do CDS sabia,
com certeza ao que ia quando decidiu coligar com o PSD. Sabia o programa que
havia negociado era extremamente arriscado. Mas o poder falou mais alto.
Face às duras medidas impostas pelo programa e
intensificadas pelo governo a popularidade do seu partido foi descendo. Nas
sondagens que têm sido feitas, há casos em que o CDS cai para 7%. Perde quase 40% dos seus eleitores face às últimas eleições. Ora, Paulo Portas sabe, no íntimo, que não
pode governar assim, sob o risco da contestação dentro das hostes centristas
ser insuportável.
Por isso, só vejo duas saídas para o CDS: ou forçar o
governo a mudanças significativas no Orçamento de Estado ou a sair do governo
(o que não inviabiliza que faça um pacto parlamentar com o PSD). Contudo, assim
sendo, Portas encontra-se face a um dilema. Viabilizando as medidas de
austeridade acaba por ficar “colado” a elas, mas se as reprovar e se provocar a
queda do Executivo, a população pode não lhe perdoar nas urnas. Foi isso que
aconteceu na Holanda, com o senhor Geert Wilders.
Não creio, como já se comenta, que Portas procurará coligar
com Seguro nas próximas eleições. Primeiro, porque não creio que vá ter os
argumentos eleitorais necessários e segundo porque Portas sabe da necessidade
de passar pelo Purgatório da oposição.
E depois há a hipótese de um governo de iniciativa
presidencial. Aposto que essa faz os olhos de Portas brilhar. Para ele será uma forma de juntar o útil ao
agradável: ficar no poder e haver possibilidade de cair, de novo, nas boas
graças do eleitorado. Portas espera ver o milagre Monti em Portugal. Contudo,
também sabe que na Grécia o resultado foi diferente e que os partidos
tradicionais experimentaram um rombo eleitoral tremendo.
Todas as portas estão abertas de momento. Contudo, o líder
do CDS tem dificuldade tem dificuldades em vislumbrar para lá do nevoeiro que
as envolve. Muito mau para alguém tão calculista. As olheiras já se fazem
notar.
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