quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Procura-se mudança. Não à TINA!




A Política (com P maiúsculo) é no seu cerne a arte de estabelecer pontes e conseguir compromissos. Os Políticos (continuo com a letra grande) têm a confiança da população depositada nas suas mãos, com o objectivo de conseguir encontrar soluções e propor alternativas nas condições mais adversas.

Por isso, chegando a um ponto que nos apontam o futuro com a sigla TINA (There is no Alternative), bem podemos dizer que a Política morreu. Ponto final. Finito. Encomende-se a missa e mande-se flores. Não, não pode ser assim. Desde tempos imemoriais que a Política subsiste, não interessa que crises se criem ou que obstáculos se imponham. Podia ir aos primórdios da raça humana; onde se começaram a definir hierarquias ou podia ficar-me pela Grécia Antiga, tempo em que a Política, na verdadeira acepção da palavra dava os primeiros passos sob a batuta dos teóricos Péricles e Aristóteles.

Tudo para dizer que há – com certeza que há – alternativa à austeridade violenta e inconsequente. Tolos serão aqueles que rejeitam por completo a austeridade: há que expiar “pecados” do passado; ainda que essas mágoas passadas tenham advindo de um período de deslumbramento (o tal período de acesso ao crédito fácil dos anos 90 e primeira década do milénio). Mas esta austeridade, completamente inconsequente e até contraproducente, não é a alternativa. A economia ressente-se; o desemprego dispara e a recente austeridade adivinha-se como sendo a gota no copo de água (falo, por exemplo, do aumento da TSU para os trabalhadores). Há estudos que indicam que esta medida, apresentada pelo Governo como forma de estancar o desemprego – note-se que falo em estancar e não inverter: não passam de cuidados paliativos – pode tero efeito contrário e criar mais desempregados

A extrema-esquerda, que cresceu – sem surpresa – nas sondagens efectuadas após o anúncio destas novas medidas; parece querer (ou exigir) o melhor dos dois mundos. Ficar no euro, manter o financiamento externo (imprescindível) e renegar quaisquer tentativas de consolidação das contas. Certo é que pedem uma auditoria à dívida; e também é verdadeiro que houve negócios que agravaram o défice e que pouco favorecerem a população – e logo podem ser considerados dívida odiosa – como é o caso dos submarinos e do BPN. Mas é importante não entrar em demagogias e saber ver que tivemos tempos de desbarato, que se reflectiu a nível micro e macro económico.

O maior partido da oposição – o PS – precisa de sair do casulo. Se se quer assumir como uma alternativa tem que sair do casulo. Não bastam anúncios dramatizados, cujo resultado palpável seja um imposto duvidoso sob as PPP´s. É preciso mais. Honra lhe seja feito Seguro tem lutado no Parlamento para comprometer o Governo com soluções europeias. As questões da compra de dívida por parte do BCE e do baixar da taxa de juro do empréstimo da Troika, são/foram bandeiras dos socialistas. É preciso mais que isso. Os portugueses precisam de ver no PS, um partido que quer fazer mudanças estruturais, que não quer insensatamente expulsar as entidades externas (e consequentemente o financiamento); mas que também se imponha face à Troika e que saiba travar este empobrecimento generalizado.

Em suma admitir que não há alternativas é baixar os braços e enfrentar o Fim da História. Se o desenvolvimento do ser humano foi feito, até aos dias de hoje, com base na procura de alternativas, quem somos nós para pormos fim a esse rumo? Fukuyama previu aquando da queda do muro de Berlim e o colapsar do mundo comunista; o Fim da História. Falhou. Os que apostam num só caminho também vão falhar. Afinal têm que haver alternativas.

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