A Política (com P maiúsculo) é no seu cerne a arte de
estabelecer pontes e conseguir compromissos. Os Políticos (continuo com a letra
grande) têm a confiança da população depositada nas suas mãos, com o objectivo
de conseguir encontrar soluções e propor alternativas nas condições mais
adversas.
Por isso, chegando a um ponto que nos apontam o futuro com a
sigla TINA (There is no Alternative), bem podemos dizer que a Política morreu.
Ponto final. Finito. Encomende-se a missa e mande-se flores. Não, não pode ser
assim. Desde tempos imemoriais que a Política subsiste, não interessa que
crises se criem ou que obstáculos se imponham. Podia ir aos primórdios da raça
humana; onde se começaram a definir hierarquias ou podia ficar-me pela Grécia
Antiga, tempo em que a Política, na verdadeira acepção da palavra dava os
primeiros passos sob a batuta dos teóricos Péricles e Aristóteles.
Tudo para dizer que há – com certeza que há – alternativa à
austeridade violenta e inconsequente. Tolos serão aqueles que rejeitam por completo
a austeridade: há que expiar “pecados” do passado; ainda que essas mágoas
passadas tenham advindo de um período de deslumbramento (o tal período de
acesso ao crédito fácil dos anos 90 e primeira década do milénio). Mas esta
austeridade, completamente inconsequente e até contraproducente, não é a
alternativa. A economia ressente-se; o desemprego dispara e a recente
austeridade adivinha-se como sendo a gota no copo de água (falo, por exemplo,
do aumento da TSU para os trabalhadores). Há estudos que indicam que esta
medida, apresentada pelo Governo como forma de estancar o desemprego – note-se
que falo em estancar e não inverter: não passam de cuidados paliativos – pode tero efeito contrário e criar mais desempregados
A extrema-esquerda, que cresceu – sem surpresa – nas
sondagens efectuadas após o anúncio destas novas medidas; parece querer (ou
exigir) o melhor dos dois mundos. Ficar no euro, manter o financiamento externo
(imprescindível) e renegar quaisquer tentativas de consolidação das contas.
Certo é que pedem uma auditoria à dívida; e também é verdadeiro que houve
negócios que agravaram o défice e que pouco favorecerem a população – e logo
podem ser considerados dívida odiosa – como é o caso dos submarinos e do BPN.
Mas é importante não entrar em demagogias e saber ver que tivemos tempos de
desbarato, que se reflectiu a nível micro e macro económico.
O maior partido da oposição – o PS – precisa de sair do
casulo. Se se quer assumir como uma alternativa tem que sair do casulo. Não
bastam anúncios dramatizados, cujo resultado palpável seja um imposto duvidoso
sob as PPP´s. É preciso mais. Honra lhe seja feito Seguro tem lutado no
Parlamento para comprometer o Governo com soluções europeias. As questões da
compra de dívida por parte do BCE e do baixar da taxa de juro do empréstimo da
Troika, são/foram bandeiras dos socialistas. É preciso mais que isso. Os
portugueses precisam de ver no PS, um partido que quer fazer mudanças
estruturais, que não quer insensatamente expulsar as entidades externas (e consequentemente
o financiamento); mas que também se imponha face à Troika e que saiba travar
este empobrecimento generalizado.
Em suma admitir que não há alternativas é baixar os braços e
enfrentar o Fim da História. Se o desenvolvimento do ser humano foi feito, até
aos dias de hoje, com base na procura de alternativas, quem somos nós para
pormos fim a esse rumo? Fukuyama previu aquando da queda do muro de Berlim e o
colapsar do mundo comunista; o Fim da História. Falhou. Os que apostam num só
caminho também vão falhar. Afinal têm que haver alternativas.
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