Normalmente a
desorientação é muita quando perdemos a figura de proa, uma personalidade que
nos guie. Perder o comandante a meio da tempestade é algo que muitos
marinheiros temem e que pode levar o navio a afundar-se.
Seguro tem desiludido
muitos militantes, que nele não vêem o carácter necessário para liderar o
Partido Socialista, em alturas turbulentas como esta. Alguns socráticos,
acusam-no mesmo de não passar cá para fora uma mensagem forte que se tem vindo
a formar dentro do partido.
Sem opções internas, e
enquanto António Costa não se chega à frente, os socialistas vão depositando
toda a sua esperança em figuras externas. Primeiro foi François Hollande. O
francês foi eleito presidente do segundo país mais forte da zona euro, e os socialistas
indígenas adivinhavam que ele seria a pessoa que iria acabar com as
políticas austeras, trazendo de novo o equilíbrio do crescimento à Europa.
Bem, enganaram-se.
Apesar de uma ou outra
medida de fogacho, Hollande não esteve à altura das esperanças nele depositadas
(que verdade seja dita, eram irrealistas). O presidente francês acabou até por adoptar medidas que em Portugal foram desconsideradas.
Passado Hollande, uma
nova figura se alinha e que promete liderar os socialistas europeus.
Compatriota da Chanceler Merkel, esse político promete mudar a face política
europeia. Assumido defensor de políticas económicas do género dos eurobonds, Martin
Schulz promete lutar por um maior equilíbrio entre países pobres e ricos.
Contudo, os problemas do
sr. Schulz começam em casa. É sabido que uma grande fatia do eleitorado alemão
está cansada dos resgates alheios. Também não são muito receptivos à ideia de eurobonds.
O sr. Schulz, face a este
problema, e tendo em conta que o próprio SPD é contra estas medidas, decidiu
optar por outra via. Contudo, esta nova “via”, (exemplificada com o European
Redemption Fund) já vai sendo criticada por alguns economistas atentos à crise europeia.
Por último, convém não
esquecer que Martin Schulz não é assim tão alérgico às reformas que têm vindo a
ser efectuadas em Portugal. O presidente do Parlamento Europeu, referiu que “Portugal se encontra no bom caminho depois dos sacrifícios imensos que o país tem feito”,chegando mesmo a elogiar o governo português por não se esconder “atrás das instituições europeias”.
Se Martin Schulz é uma
boa aposta, ainda não temos provas concretas. Mas que há indicadores que
apontam para a possibilidade da repetição do “fenómeno Hollande”, isso sem
dúvida.
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