Antes de mais, deixem-me
colocar-vos a questão de forma simplificada antes de me alongar neste meu post.
Estamos, neste momento, a correr contra a matemática. Estamos a correr contra a matemática há longos anos. A sustentabilidade de um Estado, como sabemos, tem
as pernas relativamente curtas. As nossas são mais curtas que a maioria. Por
isso chegamos onde chegamos.
Não vale a pena a
lamentação. A matemática é cruel. Mesmo agora, ela insiste em atacar-nos. Apesarde um conjunto de reduções de despesa temporárias e de receitas extraordinárias, o Estado terá gasto em 2012 mais cerca de 8.000 milhões de euros do que cobrou em impostos.
Face a isto, e tendo em
conta a sustentabilidade das contas públicas, há diferentes caminhos que
podemos seguir. Traçando um paralelo, faz lembrar aqueles filmes, onde o
personagem tem três portas por onde escolher. O segredo aqui é que a
austeridade se esconde atrás de cada uma delas.
Ora vejamos.
A primeira porta é a do
Governo. Essa toda sabemos qual é, até porque a estamos a atravessar. Uma
corrida para cumprir o défice que, apesar de estar a surtir efeitos, asfixia as
famílias e empresas a nível fiscal.
Há uma segunda porta,
mais propalada pelo Partido Socialista que ressalva de forma nebulosa e
enigmática, o paradigma do crescimento económico. Ora, todos queremos crescer
claro. Mas, além de ser bastante difícil crescer com os níveis de endividamento
que temos, é preciso saber quanto precisamos de crescer para cumprir o défice
(e claro evitar o escalar da dívida). Bem, aponta-se para números da ordem dos 50%. Coisa que nem um Messias conseguiria
tirar da cartola. Assim sendo, restará aos defensores do enigmático crescimento
optar pela austeridade.
Finalmente, há aqueles
que optariam pela renegociação da dívida. Medida que é austeridade em si. Basta
ver onde está investida a dívida pública. Dois exemplos. Sistema bancário e
fundo de pensões. Renegando-a teríamos bancos para salvar (e nacionalizar,
claro) com os custos que lhe estariam inerentes. Algumas poupanças de portugueses
também iriam à vida. Repito, austeridade.
Posto isto, faz-se a
eterna pergunta. Querem aumentar os impostos ou cortar na despesa? Preferem
optar pelo crescimento (50% não esquecer). Ou preferem renegar a dívida (e com
isso talvez assustar investidores)? Está nas nossas mãos.
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